Nem todos que nascem com a conjunção Júpiter/Urano fazem descobertas inusitadas e revolucionárias. Estas, entretanto, trazem essa assinatura celeste com muita frequência.
Cecilia Payne-Gaposchkin, uma visionária na astronomia e astrofísica, desafiou os paradigmas estabelecidos ao mergulhar nas profundezas do cosmos e desvelou sua verdadeira composição. Na sua carta natal, Júpiter e Urano estavam conjuntos em Sagitário (!): os deuses governantes do céu no inquieto signo se lança no desconhecido.
Aos 25 anos (1925), durante a pesquisa para seu doutorado (Harvard), Cecília chegou à conclusão de que as estrelas são compostas de hidrogênio e hélio. Apenas. Claro que foi contestada e ridicularizada, pois sua descoberta entrava em conflito com a crença vigente de que as estrelas tinham uma composição química similar à da Terra.
A investigação abriu novos horizontes na compreensão do nosso sistema solar e do próprio universo, lançando as bases para estudos futuros que revolucionariam a astrofísica. Os astrônomos Struve e Zebergs classificaram a tese de Cecília como “a mais brilhante já escrita na astronomia”.
Apesar de sua competência, não conseguiu lecionar em Harvard graças ao pensamento misógino do então presidente, Abbott Lowell, que se negou a nomeá-la, jurando que nunca ocuparia uma cátedra lá em enquanto estivesse vivo.
Sua trajetória é uma inspiração especialmente para as mulheres na ciência. Em uma época em que elas enfrentavam hostilidades ainda mais ferrenhas para ingressar nesse campo, Cecília demonstrou que a paixão, o conhecimento e a tenacidade podem superar qualquer obstáculo. Ela descreveu a si mesma como “uma rebelde contra o papel feminino” e declarou que sua verdadeira rebelião “era contra o fato de ser pensada e tratada como inferior”.
Claro, com a presença de Júpiter e Urano abraçados em sua carta, ousadia não lhe faltava. Genialidade, também não.