Nada como um poema para iniciar esta semana onde a Lua em Câncer ativa um grande trígono de Água… Conceição Evaristo é uma das vozes mais potentes da literatura brasileira contemporânea, sua obra coloca luz nas raízes negras de nossa terra e poesia na árida rotina de humildes mulheres.
Nascida em Belo Horizonte em 1946, em uma família grande com quatro Marias e cinco meninos, sempre nutriu muito carinho e admiração pela mãe. Aos sete anos, foi morar com sua tia para “aliviar as bocas a serem alimentadas” pela mãe, que era lavadeira, e o padrasto, um pedreiro que Evaristo tomou como pai. A moradia com os tios, que não tinham filhos, permitiu a ela acessar condições um pouco mais brandas do que os irmãos, facilitando-lhe o acesso à educação.
Ainda assim, o primeiro trabalho veio quando tinha oito anos, apenas!, atuando como empregada doméstica seguindo, como ela mesma diz, “a arte de cuidar do corpo do outro”, como sua mãe e tia. Entre uma patroa e outra, ajudava os irmãos e as crianças vizinhas com os deveres da escola, começando a ensaiar seu ofício de professora.
A leitura foi uma paixão desde cedo, levando-a a cursar Literatura Brasileira já no Rio de Janeiro, tendo seguido na vida acadêmica com um mestrado e doutorado no mesmo campo. A Literatura Negra e a afro poética floresceram de Conceição com a força de sua ancestralidade e uma consistência muito terrena. Sua produção é intensa e extensa, entre livros de contos, poemas e artigos. Seus escritos são evocações e celebrações ao feminino. A maneira como se entrega às palavras provocam nossos sentidos: seu texto tem sabor, tem cheiro, tem cor!
