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Leolinda Daltro

Nada melhor do que honrar o pioneirismo de quem abriu caminho para que as mulheres pudessem atuar na política brasileira. Rendemos nossas homenagens à visionária  Leolinda Daltro, uma baiana nascida em 14 de julho de 1859, que tomou, para si, a luta pelo direito das mulheres. Leolinda atuou, profissionalmente, como professora do ensino fundamental, mas foi na luta pelos direitos sociais que mais brilhou! Preocupada com os povos originários de nosso país, defendia que os indígenas deveriam ser acolhidos na sociedade e alfabetizados, sem sofrer pressões para abandonar sua cultura e práticas religiosas. Uma proposta altamente polêmica e revolucionária para época, que mobilizou Leolinda a viajar por mais de quatro anos, implementando esse projeto em diferentes comunidades. Em 1902, ela teria solicitado uma audiência no Instituto Histórico Brasileiro com o intuito de criar uma associação civil de amparo aos indígenas, tendo sido impedida de participar da reunião por ser mulher. 

Em 1909, liderou a formação de um coletivo de mulheres apoiando a candidatura de Hermes da Fonseca para a presidência, tendo este se comprometido com as demandas femininas. O grupo se transformou, em 1910, no Partido Republicano Feminino, o primeiro a se dedicar a ações de emancipação feminina no país. Apesar de reconhecido oficialmente, o partido não podia apresentar candidatas (!!)  visto que este direito era restrito a portadores de título de eleitor, exclusivo a homens na época. Em 1919, Leolinda lançou-se em uma candidatura simbólica à Intendência Municipal do Distrito Federal, uma forma de promover a discussão dos direitos às mulheres e criar um espaço de denúncia das desigualdades sociais em vigor. Em 1932, quando finalmente o Código Eleitoral permitiu o voto para mulheres, Leolinda declarou que morreria feliz pela conquista. Concorreu, em 1934, à Assembleia Constituinte; contudo, não se elegeu. Casou-se duas vezes e teve cinco filhos, enfrentou inúmeros desafios pelas ideias que defendia, afrontando uma sociedade patriarcal e altamente conservadora. A imprensa chamava de “mulher do diabo”, uma clara tentativa de desqualificar sua luta. Faleceu, aos 76 anos, em um acidente de carro. Seu legado é enorme!

Este ano celebramos os 90 anos do voto feminino no Brasil e, hoje, as mulheres são a maioria do eleitorado no país – 52%. Ainda assim, apenas 15% estão no parlamento, 11% ocupam cargos de ministério e somente uma mulher foi presidenta.

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