Se ainda estivesse conosco neste final de mês e de ano, Rita Lee estaria completando setenta e seis verões. Essa caprica nasceu em São Paulo, no dia 31 de dezembro de 1947.
Há sete meses nossa rainha ascendeu ao plano maior! A tônica aquariana de seu Ascendente sempre foi marcante ao longo de sua trajetória, já que, desde a juventude, esteve na crista das transformações sociais e políticas que vivemos como sociedade. Cantora, compositora e multi-instrumentista, ficou consagrada como roqueira; na verdade, ao longo de seus 60 anos de carreira, explorou, com eficiência, diferentes estilos musicais.
É considerada a maior artista feminina brasileira com mais de 55 milhões de discos vendidos. Participou de diferentes bandas ao longo do tempo; iniciando com Teenage Singers, que formou com amigas adolescentes, passando pela psicodelia tropical dos Mutantes até chegar na Tutti Frutti em que pode desenvolver seu estilo de rock. A parceria com seu companheiro, Roberto de Carvalho, embalou os anos de maturidade. Além dos vocais, Rita tocava diferentes instrumentos de percussão, banjo, flauta e brincava com sintetizadores. Urano, regente do Ascendente de sua carta natal, estava em Gêmeos (diversidade) e na casa V de sua carta (talentos e dons).
Irreverente e extravagante, seu talento como escritora e compositora era ainda maior! Suas letras eram, por vezes, acidamente irônicas e cutucavam o status quo e a moral de cuecas da sociedade. Em outros momentos, suas canções combinavam amor com bom humor.
Porém, sua marca indelével manifestou-se na personalidade ímpar de uma mulher independente e progressista, dona de si, que não tinha medo de esconder suas convicções nem, tampouco, suas contradições. Rita nos ensinou a beleza de ser a “ovelha negra” da família, que “nem toda brasileira é bunda” e que está tudo bem para uma mulher querer “amor, sexo e amizade” no mesmo pacote.
Como uma filha dileta de Saturno, passou por momentos bem difíceis como viver um ano de prisão durante sua primeira gravidez. A dor e a beleza de sua existência intensa e atormentada, bem como seus problemas de saúde, que incluíram vícios diversos e o câncer nos anos finais, estão registrados em suas duas biografias.
Obteve inúmeros prêmios como artista e lutou, bravamente, pela garantia de direitos humanos e dos animais. Foi uma mãe não convencional e teve um casamento de quarenta e sete anos que só findou com sua morte.
Na sua carta natal, Mercúrio e Marte estão em aspecto fluente, e suas palavras não têm eufemismos: “Quando eu morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta. Algumas rádios tocarão minhas músicas sem cobrar jabá, colegas dirão que farei falta no mundo da música, quem sabe até dêem meu nome para uma rua sem saída. Os fãs, esses sinceros, empunharão capas dos meus discos e entoarão ‘Ovelha negra’, as TVs já devem ter na manga um resumo da minha trajetória para exibir no telejornal do dia e uma notinha do obituário de algumas revistas há de sair.”
“Nas redes sociais, alguns dirão: ‘Ué, pensei que a veia já tivesse morrido”… enquanto isso, estarei eu de alma presente no céu, tocando minha autoharp e cantando para Deus: ‘Thank you Lord, finally sedated’ (Obrigado Senhor, finalmente sedada)”.
A MPB jamais será a mesma depois da vida e obra de Rita Lee. Talvez seu maior ensinamento tenha sido a ousadia de ser ela mesma. E isto, por si, já é algo muito raro.
#pulsarfeminino #ritalee